Quantas horas extras um funcionário pode fazer? Veja o que diz a lei

Pessoa sentada na mesa enquanto usa computador
Funcionário deve receber a mais pela realização de horas extras (Foto: Freepik)

A realização de hora extra é uma realidade e até necessária para muitas empresas. Seja para cumprir prazos apertados, atender picos sazonais de demanda ou simplesmente lidar com imprevistos, muitos funcionários acabam estendendo suas jornadas além do horário regular estabelecido.

No entanto, enquanto as horas extras podem oferecer benefícios financeiros adicionais, é fundamental entender os limites e as regulamentações que norteiam essa prática.

Neste artigo, você confere qual é o limite de horas extras, além das orientações legais previstas sobre o assunto.

O QUE É HORA EXTRA

Hora extra é o tempo de trabalho que um funcionário realiza além da jornada regular de trabalho, estabelecida pelo contrato com a empresa.  As horas extras são comuns em muitas profissões, especialmente quando há necessidade de cumprir prazos, lidar com demandas sazonais ou resolver emergências no trabalho. 

A legislação trabalhista do Brasil determina que o trabalhador receba um pagamento a mais por esse serviço. No entanto, também são estabelecidos limites para a quantidade de horas extras que um funcionário pode realizar em um período específico, de modo a garantir o bem-estar do trabalhador.

QUAL É O VALOR DA HORA EXTRA

O artigo 59 da CLT determina o valor a ser pago pela hora extra. Segundo a lei, a remuneração deve ser de pelo menos 50% a mais do valor pago pela hora normal.

As empresas devem entrar em acordo com os colaboradores para apresentar um valor exato a ser pago por esse período extra.

A lei também permite que as empresas optem pelo regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês.

A empresa pode ser dispensada do acréscimo de salário se houver acordo ou convenção coletiva de trabalho que estipule que o excesso de horas em um dia seja compensado através da redução da jornada de trabalho em outro dia, desde que não ultrapasse, no período máximo de um ano, a soma das jornadas semanais previstas e que não exceda o limite de dez horas por dia.

Em caso de rescisão de contrato, onde não houve a compensação da jornada extra, o trabalhador tem direito ao pagamento das horas extras não compensadas, que deverão ser calculadas sobre o valor da remuneração na data da rescisão.

QUANTAS HORAS EXTRAS UM FUNCIONÁRIO PODE FAZER?

Para entender qual o limite de horas extras estabelecido pela lei é necessário primeiramente verificar as informações referentes a carga horária comum de um trabalhador.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), no artigo 58, estabelece que a jornada de trabalho (prevista no contrato) não deve ultrapassar 8 horas por dia ou 44 horas semanais. Ou seja, qualquer período de tempo acima dessa carga horária é considerado hora extra.

Art. 58 – A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.

O mesmo conceito se aplica para funcionários com outros tipos de jornada de trabalho, como a carga horária de 6 horas diárias.

A CLT ainda determina que o trajeto feito pelo colaborador da sua residência até o local de trabalho não deve ser computado na jornada de trabalho, mesmo que o deslocamento seja feito dentro de um transporte fornecido pela empresa.

O tempo despendido pelo empregado desde a sua residência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno, caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser tempo à disposição do empregador. (Artigo 58 do Decreto Lei nº 5.452)

Sobre a hora extra, a legislação determina que um funcionário pode ter a jornada de trabalho estendida, desde que o número não ultrapasse 2 horas extras por dia, mediante acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. O artigo 59 da CLT explica isso:

A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.

Ainda há possibilidade de estender ainda mais a carga horária. O artigo 61 declara que em caso de urgência, o trabalhador pode aumentar a jornada em até 4 horas extras, respeitando o limite de 12 horas diárias. Confira a explicação do artigo:

“Ocorrendo necessidade imperiosa, poderá a duração do trabalho exceder do limite legal ou convencionado, seja para fazer face a motivo de força maior, seja para atender à realização ou conclusão de serviços inadiáveis ou cuja inexecução possa acarretar prejuízo manifesto”.

Na prática, isso significa que se um funcionário trabalhou 8 horas por dia, a lei permite que ele faça 2 horas extras. Em caso de “força maior”, ou seja, quando é necessário que a carga horária seja estendida ainda mais, ele poderá trabalhar mais 2 horas extras, totalizando 12 horas diárias, que é o limite estipulado pela lei, sendo 8 horas da carga comum e 4 horas extras. 

Quando há a necessidade de ultrapassar as 10 horas diárias, respeitando o limite máximo de 12 horas, o artigo 61 da CLT estipula que o valor do pagamento seja calculado da seguinte maneira:

Nos casos de excesso de horário por motivo de força maior, a remuneração da hora excedente não será inferior à da hora normal. Nos demais casos de excesso previstos neste artigo, a remuneração será, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) superior à da hora normal, e o trabalho não poderá exceder de 12 (doze) horas, desde que a lei não fixe expressamente outro limite.

É importante lembrar que a realização de horas extras também impacta no pagamento das férias e 13º salário, pois a CLT prevê que seja incluído no cálculo das remunerações a média de horas extras trabalhadas.

FUNCIONÁRIO É OBRIGADO A FAZER HORA EXTRA?

O funcionário é obrigado a fazer hora extra desde que esteja declarado no seu contrato de trabalho e desde que ele tenha sido informado previamente.

Caso o colaborador não cumpra com o acordado em contrato, ele poderá ser demitido por justa causa. No entanto, é importante que o RH tome outras medidas antes de chegar a esse ponto, como realizar advertências e suspensão quando cabível.

A CLT também esclarece quais cargos não se encaixam no regime previsto nos artigos citados. Confira a seguir as orientações do artigo 62:

I – os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados;         

II – os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial.    

III – os empregados em regime de teletrabalho que prestam serviço por produção ou tarefa.  

COMO MONITORAR AS HORAS EXTRAS

Apesar da hora extra ser um grande aliado das empresas em momentos de urgência, é importante ser feito um acompanhamento junto aos colaboradores, pois caso a extensão da jornada seja feita em excesso, pode acarretar em prejuízos financeiros para a empresa e até em descontentamento por parte dos funcionários, que poderão ter a vida pessoal prejudicada pelo excesso de trabalho.

O registro das horas extras também é importante para que a empresa tenha todas as jornadas armazenadas e possa fazer os devidos pagamentos ou compensações de jornadas, evitando ações trabalhistas.

Para otimizar o acompanhamento, a empresa pode optar por um bom sistema de registro de ponto, onde os dados da jornada de trabalho ficarão armazenados.

O PontoGO é um aplicativo que permite o controle de ponto online e armazena os dados da jornada de trabalho dos colaboradores de uma empresa. Através dessa ferramenta, a instituição consegue simplificar a gestão de banco de horas.

O aplicativo fornece relatórios precisos com informações sobre horas extras, banco de horas, espelho de ponto, jornada detalhada e mais. 

Ele ainda permite que a empresa personalize horas extras, através de multiplicadores e limitadores de banco de horas que permitem à instituição definir suas próprias regras. Além disso, é possível mesclar jornadas de horas extras e banco de horas.

As informações são compartilhadas com a equipe responsável pela folha de pagamento, que terá acesso às horas extras realizadas por cada funcionário. Desse modo, o processo ficará mais simples e otimizado.

CONCLUSÃO

Em meio às necessidades de estender a jornada de trabalho, compreender os limites das horas extras é essencial para proteger os direitos dos trabalhadores.

Ao respeitar e garantir o cumprimento dos limites de horas extras, as empresas  promovem um ambiente de trabalho saudável e produtivo. 

Busca

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors