Lesão por Esforço Repetitivo (LER): como a empresa pode prevenir

Mulher com as mãos na cabeça em frente a uma mesa com notebook
A Lesão por Esforços Repetitivos (LER) é uma condição de saúde comum no ambiente de trabalho (Foto: Freepik)

As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) representam um dos principais desafios na saúde ocupacional contemporânea, afetando milhões de trabalhadores em todo o mundo. Essas lesões, que surgem devido à realização repetitiva de atividades e posturas inadequadas, podem resultar em dor crônica, diminuição da mobilidade e, em casos mais graves, afastamento do trabalho. 

Para as empresas, lidar com as LER é não apenas uma questão de responsabilidade social, mas também uma estratégia fundamental para manter a produtividade e o bem-estar dos colaboradores. 

Combater as LER requer uma abordagem proativa que englobe a identificação dos fatores de risco, a promoção de práticas ergonômicas e a conscientização dos funcionários sobre a importância da saúde no ambiente de trabalho. Isso pode incluir a adoção de mobiliário ajustável, a implementação de pausas regulares, o treinamento em técnicas de movimentação seguras e a realização de avaliações ergonômicas periódicas.

Além disso, fomentar uma cultura de saúde e bem-estar contribui para um ambiente mais produtivo e engajado, beneficiando tanto os trabalhadores quanto a organização na totalidade.

Neste contexto, a implementação de estratégias eficazes para prevenir as LER não apenas minimiza os custos relacionados a tratamentos e afastamentos, mas também fortalece a reputação da empresa como um empregador responsável e comprometido com a saúde de seus colaboradores.

Neste artigo, entenda o que é a Lesão por Esforço Repetitivo (LER), quais são suas causas, consequências e como evitar.

LESÃO POR ESFORÇO REPETITIVO (LER): O QUE É?

A Lesão por Esforços Repetitivos (LER) é uma condição de saúde comum no ambiente de trabalho. A lesão é causada por movimentos repetitivos ou posturas inadequadas ao longo do tempo, podendo afetar músculos, tendões e nervos.

A LER é frequentemente considerada uma doença ocupacional, especialmente em contextos de trabalho onde as tarefas exigem repetição constante de movimentos. Fatores de risco associados à LER incluem movimentos repetitivos, posturas inadequadas, tracionamentos frequentes, içamento de pesos e até mesmo a falta de pausas adequadas. Essas condições aumentam a tensão nos músculos e tendões, predispondo o trabalhador a lesões.

A instalação da LER é um processo gradual. Muitas vezes, os sintomas iniciais são sutis e podem passar despercebidos durante anos de atividade laboral. Quando finalmente se tornam evidentes, o comprometimento da área afetada pode ser severo, impactando a qualidade de vida e a capacidade de trabalho da pessoa.

A digitação intensa é uma das causas mais prevalentes de LER, contribuindo significativamente para o aumento de casos de doenças ocupacionais nos últimos anos. O uso constante de teclados, sem as devidas pausas ou ajustes ergonômicos, tem levado a um aumento preocupante de queixas relacionadas a dor nos pulsos, ombros e cervical, evidenciando a necessidade urgente de intervenções preventivas e educativas em ambientes de trabalho.

Portanto, é fundamental que empregadores e trabalhadores estejam cientes dos riscos associados e adotem medidas de prevenção, como a promoção de uma boa ergonomia, a realização de pausas regulares e a implementação de programas de conscientização sobre a importância de práticas saudáveis no ambiente de trabalho. Dessa forma, é possível reduzir a incidência de LER e preservar a saúde e o bem-estar dos profissionais.

QUAIS SÃO AS CAUSAS

Há uma série de fatores que podem ser atribuídos como causa da LER. As principais causas incluem:

  • Movimentos Repetitivos: Realizar a mesma ação muitas vezes, como digitar ou usar ferramentas, sem intervalos adequados. Um trabalhador que digita por várias horas sem interrupção pode desenvolver tendinite nos pulsos.
  • Postura Inadequada: Manter posições desconfortáveis ou não ergonômicas, que aumentam a pressão sobre músculos e articulações. Usar uma cadeira que não oferece suporte adequado à lombar pode causar dores nas costas e afetar o pescoço.
  • Carga Excessiva: Levantar ou carregar objetos pesados de forma inadequada, forçando músculos e tendões. Um trabalhador de armazém que não usa técnicas corretas de levantamento pode sofrer lesões na região lombar.
  • Falta de Pausas: Ausência de intervalos regulares durante a atividade, impedindo a recuperação dos músculos. Profissionais que trabalham em escritórios muitas vezes esquecem de fazer pequenas pausas, o que pode levar a dores e desconforto.
  • Ambiente de Trabalho: Má ergonomia do espaço de trabalho, como mesas, cadeiras e equipamentos mal ajustados, que forçam o corpo a assumir posturas prejudiciais. Uma mesa de trabalho muito alta pode forçar os ombros e braços, aumentando o risco de lesões nos músculos superiores.
  • Tensão Muscular: Estresse físico ou emocional que pode levar à tensão muscular, aumentando o risco de lesões. A ansiedade pode fazer com que a pessoa mantenha músculos tensionados, prejudicando a circulação e aumentando o risco de dor.
  • Condições pré-existentes: Condições pré-existentes, como artrite ou outras doenças, podem tornar uma pessoa mais suscetível a LER. Indivíduos com problemas nas articulações podem ter uma capacidade reduzida de suportar esforços repetitivos.
  • Inatividade Física: Falta de exercícios regulares que fortaleçam a musculatura e melhorem a flexibilidade, aumentando a vulnerabilidade a lesões. Pessoas sedentárias que começam a realizar atividades repetitivas podem experimentar lesões mais rapidamente.
  • Fadiga: O cansaço pode reduzir a capacidade do corpo de realizar movimentos corretamente, aumentando o risco de lesões. Um trabalhador exausto pode não perceber que está adotando uma postura ruim, levando a lesões.
  • Falta de Treinamento: A ausência de treinamento adequado sobre técnicas de trabalho seguras e posturas corretas pode levar a práticas prejudiciais.  Um trabalhador que não foi ensinado a levantar corretamente pode desenvolver lesões por não usar a técnica adequada.

POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS

As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) podem ter várias consequências, que afetam tanto a saúde física e emocional do indivíduo quanto a produtividade e o ambiente de trabalho na totalidade. As possíveis consequências podem ser:

  • Dor Crônica: A dor nas áreas afetadas pode se tornar persistente, limitando a capacidade de realizar atividades diárias, o que pode afetar a qualidade de vida, tornando tarefas simples dolorosas e difíceis.
  • Diminuição da Mobilidade: A rigidez e a dor podem reduzir a amplitude de movimento das articulações e músculos. Dificuldade em realizar atividades físicas, o que pode levar a um estilo de vida sedentário.
  • Redução da Produtividade: A dor e a fadiga podem resultar em desempenho reduzido e erros aumentados nas tarefas diárias. A produtividade do trabalhador e, consequentemente, da equipe ou empresa pode ser seriamente comprometida.
  • Aumento do Afastamento do Trabalho: As LER podem resultar em ausências frequentes devido à dor e à necessidade de tratamento. Isso pode levar a uma perda de renda e a um impacto na carreira profissional.
  • Problemas Psicológicos: A dor crônica e a limitação funcional podem levar a problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão. O estresse emocional pode agravar a percepção da dor e afetar o bem-estar geral.

COMO PREVENIR LESÕES POR ESFORÇO REPETITIVO

O Ministério da Saúde recomenda medidas preventivas para evitar a LER, como: 

  • A cada 25 minutos de digitação, faça uma pausa de 5 minutos.
  • Após uma hora de digitação, levante-se e movimente-se.
  • Lembre-se de beber água regularmente ao longo do dia.
  • Mantenha uma postura adequada: ombros relaxados, pulsos retos e costas apoiadas no encosto da cadeira.
  • As plantas dos pés devem estar totalmente apoiadas no chão.
  • Mantenha um ângulo reto entre suas costas e o assento da cadeira.
  • Sua cadeira deve ser ajustável à sua altura em relação à mesa, oferecendo suporte adequado para as costas. O assento não deve tocar a parte interna dos joelhos para evitar problemas de circulação. Embora o apoio de braços seja questionável do ponto de vista ergonômico, se você optar por usá-los, verifique se estão na altura e distância corretas. Uma cadeira bem projetada é crucial para prevenir lesões, portanto, evite economizar em um modelo de baixa qualidade.
  • Evite usar apoio para os pulsos durante a digitação, pois isso pode causar compressão nos nervos (síndrome do túnel do carpo). Os pulsos devem estar ligeiramente levantados. Apoios para pulso são indicados apenas para descanso durante as pausas.
  • O monitor do computador deve estar a uma distância de 50 a 70 centímetros, ou aproximadamente a distância do comprimento do seu braço. A altura da tela deve ficar entre 15 e 30 graus abaixo da linha de visão.

O QUE DIZ A LEI

A NR 17, ou Norma Regulamentadora 17, estabelece diretrizes sobre ergonomia nos locais de trabalho, visando à melhoria das condições laborais e à prevenção de doenças e lesões. A norma é parte da legislação brasileira e é fundamental para garantir que as atividades ocupacionais sejam realizadas de maneira segura e saudável.

O principal objetivo da NR 17 é promover a saúde e a segurança dos trabalhadores, prevenindo doenças ocupacionais e melhorando a produtividade.

Implementar as diretrizes da NR 17 é essencial para criar um ambiente de trabalho mais saudável e eficiente, protegendo a integridade física e mental dos colaboradores.

CONCLUSÃO

O combate às Lesões por Esforço Repetitivo (LER) é uma responsabilidade compartilhada entre empregadores e empregados, sendo essencial para garantir um ambiente de trabalho saudável e produtivo. 

A adoção de práticas ergonômicas, a promoção de pausas regulares e a conscientização sobre a importância da saúde ocupacional são medidas cruciais que podem prevenir o surgimento dessas lesões. 

Além de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores, essas iniciativas contribuem para a redução de custos com tratamentos e afastamentos, promovendo um clima organizacional mais positivo e engajado.

Investir na saúde dos colaboradores não é apenas uma questão de conformidade legal, mas uma estratégia inteligente para o sucesso a longo prazo da empresa. Ao priorizar a ergonomia e o bem-estar no ambiente de trabalho, as organizações não apenas protegem seus ativos mais valiosos – suas pessoas – mas também colhem os benefícios de uma força de trabalho mais saudável, motivada e produtiva. Portanto, é fundamental que as empresas continuem a buscar inovações e melhorias nas práticas de saúde e segurança, assegurando um futuro mais sustentável para todos.