A escala 6×1, que consiste em uma jornada de trabalho de seis dias seguidos com um único dia de folga, é muito utilizada por setores que demandam operação contínua, como o comércio, restaurantes e empresas de telemarketing.
Embora esse modelo tenha sido amplamente utilizado para garantir cobertura quase ininterrupta das operações, ele está enfrentando uma crescente resistência. Nos últimos anos, há um movimento crescente contra a escala 6×1, motivado por preocupações com o bem-estar dos trabalhadores, equilíbrio entre vida profissional e pessoal e mudanças nas expectativas laborais.
Críticos apontam que a carga de trabalho intensa e a falta de descanso adequado podem levar a um aumento do estresse, fadiga e impactos negativos na saúde física e mental dos funcionários. Além disso, a escassez de dias de folga pode dificultar a manutenção de uma vida pessoal equilibrada e satisfatória.
Com a crescente valorização do bem-estar dos colaboradores e a busca por melhores condições de trabalho, as empresas e o Congresso Nacional estão sendo desafiados a reconsiderar e reavaliar suas práticas.
A pressão para adotar modelos de trabalho mais flexíveis e humanizados está em alta, o que levanta a questão: será que a escala 6×1 está com seus dias contados? Neste texto, exploraremos os motivos por trás do movimento contra a escala 6×1 e suas implicações para trabalhadores e empregadores.
O QUE É A ESCALA 6X1
A “escala 6×1” é um modelo de jornada de trabalho que se caracteriza pela estrutura em que o funcionário trabalha por seis dias consecutivos e, em seguida, desfruta de um dia de folga.
Esse sistema é amplamente adotado em diversos setores que exigem operação contínua e onde a presença constante de funcionários é crucial para a manutenção das atividades. Exemplos típicos incluem o comércio, restaurantes, empresas de telemarketing, hospitais e outros setores essenciais.
O modelo “6×1” é assim denominado devido à sua estrutura: a pessoa trabalha por seis dias seguidos e, após esse período, tem um dia reservado para descanso. Este dia de folga não é necessariamente fixo em um dia específico da semana, mas é escalonado de maneira a garantir que a operação da empresa ou instituição continue sem interrupções. A escala é planejada de forma a manter uma cobertura contínua, evitando lacunas nos turnos de trabalho.
Exemplo Prático:
Vamos considerar uma aplicação prática para ilustrar como a escala 6×1 pode ser organizada:
- Segunda-feira: Trabalho
- Terça-feira: Trabalho
- Quarta-feira: Trabalho
- Quinta-feira: Trabalho
- Sexta-feira: Trabalho
- Sábado: Trabalho
- Domingo: Folga
No exemplo acima, o funcionário trabalha de segunda a sábado e folga no domingo. Na semana seguinte, a folga pode ser em um dia diferente, como na segunda-feira, para garantir que todos os funcionários tenham um dia de descanso de maneira equitativa e que a operação continue sem descontinuidade.
O QUE DIZ A LEI
A CLT é uma lei brasileira, criada através do Decreto-Lei n.º 5.452, de 1º de maio de 1943 e sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas. O documento surgiu para unificar toda a legislação trabalhista existente no Brasil, trazendo informações referentes ao direito do trabalho e ao direito processual do trabalho.
O texto descreve os direitos e deveres de empregadores e empregados, descrevendo jornada de trabalho, benefícios a serem dados aos trabalhadores e condições a serem oferecidas pelas organizações.
O documento não aborda a jornada 6×1 diretamente, mas fala sobre os limites de horas trabalhadas.
Segundo o artigo 58 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a jornada de trabalho não deve ultrapassar 8 horas por dia ou 44 horas semanais.
A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite.
Artigo 58 do Decreto Lei nº 5.452
A CLT ainda determina que jornadas de trabalho acima de 6 horas diárias devem ter intervalo de 1 a 2 horas. A lei ainda estabelece que o tempo de intervalo não pode ser computado na duração da jornada de trabalho.
Confira:
Art. 71 – Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.
§ 1º – Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto, obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4 (quatro) horas.
§ 2º – Os intervalos de descanso não serão computados na duração do trabalho.
§ 3º O limite mínimo de uma hora para repouso ou refeição poderá ser reduzido por ato do Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, quando ouvido o Serviço de Alimentação de Previdência Social, se verificar que o estabelecimento atende integralmente às exigências concernentes à organização dos refeitórios, e quando os respectivos empregados não estiverem sob regime de trabalho prorrogado a horas suplementares.
A ESCALA 6X1 VAI ACABAR?
A escala 6×1, assim como outras escalas de trabalho, pode ser objeto de mudanças e discussões conforme as necessidades de diferentes setores, mudanças nas leis trabalhistas e tendências de gestão de pessoas. Embora não haja uma resposta definitiva sobre se a escala 6×1 vai acabar, há vários fatores que podem influenciar sua continuidade ou modificação.
1. Saúde e bem-estar: A saúde e o bem-estar dos trabalhadores estão se tornando cada vez mais uma prioridade. Se estudos ou feedbacks indicarem que a escala 6×1 está prejudicando a saúde física ou mental dos trabalhadores, as empresas podem buscar alternativas para melhorar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
2. Inovações Tecnológicas: Com o avanço das tecnologias e a automação, algumas funções podem não precisar mais da presença física contínua de trabalhadores. Isso pode levar a mudanças nas escalas de trabalho.
3. Preferências dos Trabalhadores: O feedback dos colaboradores é crucial. Se a maioria preferir escalas diferentes, como horários mais flexíveis ou turnos alternados, as empresas podem adaptar suas escalas para atender a essas preferências.
MOVIMENTO CONTRA A ESCALA 6X1
O debate contra a escala 6×1 se intensificou em 2023, quando Rick Azevedo viralizou no Tiktok ao desabafar sobre sua carga horária. “Quero saber quando é que nós, da classe trabalhadora, iremos fazer uma revolução nesse país relacionada à escala 6×1. É uma escravidão moderna. Se a gente não se revoltar, colocar a boca no mundo, meter o pé na porta, as coisas não vão mudar”, desabafou na rede social.
Com isso, surgiu o movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que reivindica o fim da escala 6×1. A ação chegou a criar uma petição pública direcionada ao Congresso Nacional, pedindo pela revisão da escala.
O texto pede:
- Revisão da escala de trabalho 6×1 e a implementação de alternativas que promovam uma jornada de trabalho mais equilibrada, permitindo que os trabalhadores desfrutem de tempo para suas vidas pessoais e familiares.
- Debate público aberto e transparente, envolvendo representantes dos trabalhadores, empregadores e especialistas em direitos laborais, para encontrar soluções viáveis e justas que melhorem as condições de trabalho no Brasil.
- Criação de políticas de proteção ao trabalhador que incluam o direito a férias regulares, licença parental, limitação de horas extras, entre outras medidas que promovam a saúde física e mental dos empregados.
- Fiscalização rigorosa para garantir o cumprimento das novas regulamentações trabalhistas e a punição de empresas que desrespeitarem os direitos dos trabalhadores.
A petição já conta com 1,2 milhão de assinaturas.
O QUE DIZ O GOVERNO
O Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, demonstrou em uma audiência no Senado ser favorável ao debate, mas deixou claro que a decisão depende do Congresso Nacional.
“Esse debate da jornada é importantíssimo. Quem é a autoridade para dar a palavra final é o Congresso Nacional, é o Parlamento. Portanto, é preciso se movimentar em relação a isso para que o Congresso possa refletir, avaliar e tomar a decisão se é hora, se é momento de fazer uma nova regulagem de jornada”, declarou.
CONCLUSÃO
A discussão sobre a continuidade da escala 6×1 está ganhando destaque à medida que trabalhadores questionam a eficácia e os impactos desse modelo de jornada de trabalho. Embora a escala 6×1 tenha sido uma solução eficiente para garantir cobertura contínua em setores críticos, suas desvantagens, como o aumento do cansaço, o impacto na vida pessoal dos funcionários e a crescente demanda por melhores condições de trabalho, estão impulsionando um movimento em prol de alternativas mais flexíveis e sustentáveis.
O movimento contra a escala 6×1 reflete uma mudança na percepção sobre o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. A necessidade de adaptar as práticas de trabalho para promover a saúde e o bem-estar dos colaboradores está se tornando uma prioridade. Além disso, a evolução das tecnologias e a transformação das dinâmicas de trabalho estão abrindo portas para novos modelos de jornada que podem oferecer maior flexibilidade e satisfação aos trabalhadores.
À medida que as empresas e os setores se ajustam às novas demandas e às tendências emergentes, a escala 6×1 pode ser reformulada ou substituída por alternativas que melhor atendam às necessidades dos colaboradores e das operações. A continuidade ou o fim da escala 6×1 dependerá da capacidade das organizações de equilibrar eficiência operacional com o bem-estar dos seus funcionários, assim como também depende da legislação brasileira.
Olá! Sou Igor Souza, o fundador e CEO da PontoGO, apaixonado empreendedor e entusiasta do universo empresarial. Com mais de 10 anos de experiência na área comercial, construí minha trajetória como especialista em sistemas de controle de ponto, dedicando-me integralmente à missão de simplificar e otimizar processos para empresas de todos os tamanhos. Ao longo da minha carreira, desenvolvi uma sólida expertise em sistemas de controle de ponto na PontoGO, proporcionando soluções inovadoras para os desafios em Recursos Humanos e Departamento Pessoal. Acredito que a eficiência operacional é a chave para o sucesso de qualquer organização, e é por isso que me dedico a fornecer ferramentas tecnológicas que não apenas cumprem, mas transcendem as expectativas.