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Salário mínimo vai aumentar? Entenda a mudança

Cédulas de real
Veja as mudanças no salário mínimo (Foto: Reprodução/Joel Fotos/Pixabay)

O salário mínimo é um dos pilares mais sensíveis e estratégicos da economia brasileira. Ele não apenas define o menor valor que um trabalhador pode receber legalmente, mas também influencia diretamente uma série de benefícios, políticas públicas e decisões empresariais. Com a perspectiva de aumento do salário mínimo, profissionais de Recursos Humanos em todo o país estão atentos aos impactos dessa mudança nas folhas de pagamento, nas negociações sindicais e no planejamento financeiro das organizações.

Mas, afinal: o salário mínimo vai mesmo aumentar? Quais os critérios para esse reajuste? E como o RH deve se preparar? Neste artigo, explicamos em detalhes o cenário atual, as previsões para os próximos meses, os efeitos práticos do reajuste e as melhores práticas para gestores de pessoas se adaptarem ao novo cenário.

O que é o salário mínimo e como ele é definido?

Antes de abordarmos o valor atualizado, é importante entender o conceito de salário mínimo e o processo de sua definição. O salário mínimo é o valor mínimo que um trabalhador pode receber por sua jornada de trabalho. No Brasil, ele serve como um parâmetro para garantir que os trabalhadores tenham uma remuneração que possibilite a cobertura de suas necessidades básicas, como alimentação, moradia e saúde.

A legislação brasileira determina que o salário mínimo seja reajustado anualmente. Este valor leva em consideração a inflação do ano anterior e os custos de vida, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Além disso, o governo pode realizar ajustes para garantir o poder de compra da população e estimular o crescimento econômico, com especial atenção aos trabalhadores de baixa renda.

O artigo 7 da Constituição da República Federativa estabelece o seguinte:

São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

IV –  salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de atender às suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;

Qual é o valor do salário mínimo em 2025?

Em 2025, o valor do salário mínimo foi atualizado para R$1.518. Contudo, o governo federal estima que a partir de janeiro de 2026 o salário mínimo será de R$ 1.630. A estimativa foi divulgada após o envio do projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026 ao Congresso Nacional no dia 15 de abril. 

Caso o valor seja confirmado, isso significa um aumento de R$ 112, ou 7,4%, comparado ao valor atual.

Essa atualização tem uma importância especial para os profissionais de RH, que devem entender como essa mudança pode afetar as práticas de remuneração, benefícios e ajustes salariais dentro das organizações. A elevação do valor do salário mínimo pode implicar na necessidade de revisão dos contratos de trabalho, políticas de remuneração e, em muitos casos, até nos benefícios oferecidos aos colaboradores.

Impacto do salário mínimo para os profissionais de RH

O aumento do salário mínimo afeta diretamente os departamentos de Recursos Humanos, que precisam estar atentos a várias questões práticas, administrativas e financeiras. Vamos analisar os principais impactos dessa mudança para as empresas e os profissionais de RH.

1. Aumento nos custos com folha de pagamento

O impacto mais direto é o aumento do custo de pessoal, especialmente para empresas que têm grande parte de seus colaboradores recebendo o piso nacional.

Além disso, cargos com salários próximos ao mínimo tendem a ser reajustados para evitar compressão salarial (ou seja, diferença pequena entre salários de funções com responsabilidades distintas).

2. Repercussão em benefícios e encargos

Diversos benefícios e tributos trabalhistas têm como referência o salário mínimo. Alguns exemplos:

  • Vale-transporte e vale-refeição baseados em percentuais do salário;
  • Cálculo do FGTS, INSS e 13º salário;
  • Piso de indenizações trabalhistas.

Isso exige atualização de sistemas, reprogramação de orçamentos e até revisão de políticas internas.

3. Reflexos nos contratos e convenções coletivas

Sindicatos podem pressionar por reajustes em acordos coletivos com base no novo salário mínimo. Em alguns setores, o salário mínimo nacional serve como referência para pisos setoriais, o que exige atenção redobrada do RH nas negociações.

Como o RH deve se preparar para a mudança

Diante do cenário de aumento do salário mínimo, o setor de Recursos Humanos tem um papel estratégico para garantir que a transição seja feita de forma responsável, legal e transparente. Veja algumas recomendações:

1. Antecipar projeções orçamentárias

Inclua nos planejamentos de 2025 a estimativa de aumento do salário mínimo e seus impactos diretos e indiretos.

2. Atualizar sistemas e softwares de folha

Garanta que todos os sistemas de RH e financeiro estejam preparados para aplicar os novos valores corretamente, inclusive encargos trabalhistas.

3. Reavaliar pisos salariais internos

Evite compressão salarial entre cargos e revise faixas salariais para manter a equidade interna e a competitividade no mercado.

4. Alinhar-se com o jurídico e DP

Fique atento a mudanças em convenções coletivas, cláusulas contratuais e novas exigências legais derivadas do novo mínimo.

5. Comunicar com clareza

Prepare comunicados internos explicando as mudanças, valorizando a transparência e o compromisso da empresa com o bem-estar dos colaboradores.

E se o salário mínimo regional for diferente?

Alguns estados brasileiros (como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul) têm seus salários mínimos regionais, que podem ser superiores ao nacional. Nesses casos, as empresas devem sempre respeitar o maior valor.

O RH precisa acompanhar as legislações estaduais e estar atento a possíveis divergências. Além disso, é fundamental esclarecer aos colaboradores a origem e base legal dos valores praticados.

Salário mínimo e o impacto social: reflexões para RH

O salário mínimo não é apenas uma questão financeira, ele também reflete a qualidade de vida da população. Como um valor de referência para a remuneração dos trabalhadores mais vulneráveis, seu aumento tem um impacto direto no consumo, na economia local e, especialmente, na redução da desigualdade social. Para os profissionais de RH, entender essas implicações sociais é essencial, pois isso afeta as relações de trabalho dentro da empresa e a imagem da organização perante os seus colaboradores e a sociedade.

Responsabilidade Social das Empresas

Muitas empresas, principalmente as de grande porte, possuem programas de responsabilidade social que incluem o compromisso com o bem-estar de seus colaboradores. Ajustar os salários conforme o aumento do salário mínimo é uma maneira de garantir que a organização continue cumprindo seu papel social e contribuindo para a melhoria das condições de vida dos seus trabalhadores. Os profissionais de RH podem aproveitar essa oportunidade para promover ações de valorização profissional, desenvolvimento de programas de educação financeira e outras iniciativas que fortaleçam o vínculo entre a empresa e seus colaboradores.

Gestão de Benefícios e Condições de Trabalho

Além do salário, a gestão de benefícios e a melhoria das condições de trabalho também devem ser consideradas ao ajustar os salários. O aumento do salário mínimo pode levar as empresas a repensarem suas políticas de benefícios, como plano de saúde, previdência privada e programas de incentivo. Para os profissionais de RH, é essencial avaliar essas condições e garantir que os colaboradores se sintam valorizados, o que pode resultar em maior satisfação e produtividade.

Desafios e oportunidades para os profissionais de RH

A mudança no valor do salário mínimo representa um desafio significativo para os profissionais de RH, mas também pode ser uma oportunidade para aprimorar a gestão de pessoas nas empresas. Vamos explorar alguns dos principais desafios e oportunidades que os profissionais de RH podem enfrentar com essa atualização.

Desafios:

  • Gestão do Orçamento: O aumento do salário mínimo pode representar um aumento considerável nas despesas com pessoal, especialmente para empresas com um número significativo de trabalhadores recebendo o salário mínimo. Os profissionais de RH devem ser capazes de avaliar como esses aumentos impactam o orçamento da empresa e como compensar esses custos de maneira equilibrada.
  • Equidade Salarial: A revisão das faixas salariais pode ser um desafio, pois é necessário garantir que as diferenças salariais entre os diversos cargos sejam justas e transparentes. Uma distorção entre os salários pode gerar insatisfação entre os colaboradores.
  • Gestão de Expectativas: O aumento do salário mínimo pode criar expectativas por parte dos colaboradores de que seus salários aumentem a uma taxa similar, o que pode não ser possível para todas as empresas. O profissional de RH precisa ser transparente e comunicar com clareza as limitações e as justificativas para os ajustes realizados.

Oportunidades:

  • Valorização do Colaborador: O ajuste no salário mínimo é uma excelente oportunidade para os profissionais de RH reforçarem sua estratégia de valorização do colaborador. Aproveitar o momento para revisar benefícios e programas de reconhecimento pode fortalecer o engajamento da equipe.
  • Aprimoramento da Gestão de Pessoas: A atualização do salário mínimo pode ser uma oportunidade para revisar a estrutura salarial e a política de remuneração, tornando-a mais competitiva e alinhada com as melhores práticas de mercado.

Conclusão

O aumento do salário mínimo não é apenas uma mudança numérica. Ele representa uma série de decisões políticas, econômicas e sociais que impactam diretamente o dia a dia dos profissionais de RH.

Mais do que uma simples obrigação legal, o reajuste pode (e deve) ser encarado como uma oportunidade para as empresas reverem suas políticas salariais, aprimorarem sua comunicação interna e reforçarem seu papel como empregadoras responsáveis.

O segredo está em antecipar os impactos, planejar com inteligência e manter o diálogo aberto com todas as áreas envolvidas. Assim, o RH não apenas cumpre a lei, mas transforma uma mudança obrigatória em um movimento de valorização real de pessoas.